A crise na publicidade ou cadê o glamour?
- Lily Farias
- 28 de set. de 2017
- 2 min de leitura

É só o que se comenta nos festivais, papos de bar, corredores, bastidores de aulas, linkedIns, artigos e grupos de Facebook: o mercado está em crise. Se você é um profissional sênior, ferrou, ninguém mais está disposto a pagar o que vale. Se está começando, dê graças a Deus por conseguir uma vaguinha de assistente do assistente e trabalhar quase de graça (ou de graça) nessa “maravilinda” agência da moda (que no fundo já saiu de moda há eras).
Os papos estão chatos, a galera estressada e deprê, fotos tristes no Instagram, piadinhas de quem finge que está bem, mas como diz a Jout Jout: “tá todo mundo mal”.
Clientes que não acreditam mais na criação, atendimentos e planejamentos dependentes de dados que ninguém entende, mas finge que sim, e uma criação frustrada buscando novos rumos para o seu potencial criativo.
Vamos reclamar dos “milleniuns” que não querem ver os nossos belíssimos filmes no intervalo do Jornal Nacional, dos haters que mostram como a gente é machista e preconceituoso (mas nem sabia) e dessa crise econômica e política que não temos nada a ver. É, ficou mais difícil permanecer no mundo de Mad Men (tem Mad Woman também, aceitem.). Acabou o glamour.
O que fazer?
Vá ser feliz.
Isso mesmo. Seja feliz. Não vá perder dias e noites num lugar cheio de gente pronta a dar o bote para garantir aquele leão dourado. Será que vale a pena gastar sua vida para poder tomar uns “rosé” na França uma vez por ano? Que status é esse que te força a tomar cada vez mais antidepressivos? Nem vem falar para mim que é feliz, porque eu sei dos bastidores e tem coisas mais assustadoras que palhaços no esgoto.
Está faltando amor.
Amor em ajudar a construir marcas fortes que geram empregos e negócios sustentáveis. Economias e trabalhos colaborativos onde todo mundo ganha. Valorizar a determinação e vontade de quem está começando, sem sugar toda a energia que eles têm. Falta amor para mostrar o caminho a seguir. Respeito por quem já percorreu muitas estradas e agora está sendo substituído por alguém que aceita ser explorado por dois contos.
É branded content pra lá, influenciadores pra cá, mas não dá para contar histórias se você não vive. Tem que sair da bolha hipster onde os culpados são sempre os outros e assumir que também tem culpa no babado. Não adianta colocar na página da empresa que apoia a diversidade, mas não tem nenhum programa interno que estimule a contratação de pessoas que representem isso. Continuam os mesmos grupinhos brancos-heteros-classe média alta-já morei na gringa-stellinha de sempre.
A crise só vai passar quando a gente resolver fazer o tratamento. Tem que tomar remédio, entrar na terapia, trocar alimentação, chorar, rir, tudo que tem direito. Porque as coisas estão mudando e, se ficarmos parados, vamos nos perder no tempo.
Sigam o elefante rosa.















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